- Lelo Brito
- 11 de ago. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 16 de ago. de 2022

Vem comemorar nosso aniversário com a gente!
O Vagão 98 está comemorando 8 anos de arte e cultura, de Lambari para o Sul de Minas, com uma programação bem legal, além de importantes novidades.
No sábado (20/8), às 19h, vamos realizar o Sarau de Aniversário: um evento aberto ao público e gratuito, que acontecerá em nossa sede, no teatro do Vagão 98 (Pça. Vivaldi Leite Ribeiro, 98, Centro, Lambari-MG). Você é nosso convidado!
O Sarau de Aniversário marca a retomada da oferta regular de atrações presenciais em nossa sede, após quase 3 anos de com atividades online ou presenciais intermitentes, por conta da pandemia da Covid-19. Foi um tempo difícil para todos nós, vamos juntos superá-lo!
É hora de voltarmos a ocupar o teatro com arte e cultura, poesia e festa!
PROGRAMAÇÃO DE ANIVERSÁRIO
De 15 a 19 de agosto - Ocupação das redes sociais do Vagão 98: durante a semana inteira teremos muitas surpresas em nossas redes sociais: se você ainda não é nosso amigo virtual, nos adicione em suas redes! Insta: @vagao98 Face: https://www.facebook.com/vagao98
20 de agosto, sábado, 19h - Sarau de Aniversário: no teatro do Vagão 98
O sarau é o evento mais democrático do Vagão. Um encontro de amigos, com música, poesia, dança e muita alegria. Vem comemorar nosso aniversário com a gente!
Evento gratuito e aberto ao público, recomendável o uso de máscara facial.
20 de agosto, sábado, 19h - Exposição Oratório-Balé, de Henrique Monteiro
Henrique Monteiro (@heriqueorique), em sua trajetória artística, experimentou diversas linguagens. A dança - arte sagrada para muitas civilizações - foi sua primeira grande paixão e é a inspiração o e tema destas 10 gravuras. A série “Oratório-Balé”, de 2020, foi criada com reminiscências do tempo em que o artista plástico foi bailarino. Com materiais simples, como guache, nanquim, giz de cera e resinas, Monteiro propõe tons crepusculares, amenizados pela força da alegoria, que retratam seus mestres e alguns ícones da dança contemporânea, como Waslav Nijinsky, Maurice Béjart, Joaquin Cortés e Isadora Duncan.
Evento gratuito e aberto ao público, recomendável o uso de máscara facial.

26 de agosto, sexta-feira, 18h - Reunião aberta do clube de leitura Trem de Ler: com roda de conversa sobre o ensaio “A Alma Imoral”, de Nilton Bonder.
“A Alma Imoral” discute a liberdade e a condição humana a partir de grandes parábolas da cultura judaico-cristã. A cada reunião o Trem de Ler (@trem_de_ler) recebe novos leitores, o próximo pode ser você! Evento gratuito e aberto ao público, recomendável o uso de máscara facial.

2 de setembro, sexta-feira, 19h - Exibição do filme “A Alma Imoral”, de Silvio Tendler, sobre a obra homônima de Nilton Bonder.
Após a exibição haverá um bate-papo sobre o filme, dando continuidade à conversa da semana anterior, do Trem de Ler. Evento gratuito e aberto ao público, recomendável o uso de máscara facial.
CAMPANHA LABORATÓRIO DE SONHOS

Doando a partir de 50 reais para colaborar com a manutenção do nosso espaço cultural, você recebeu exemplar de “Laboratório de Sonhos”, autobiografia de Eugênio Rodrigues (@eugenio_c_rodrigues), empresário e ex-prefeito de Lambari.
“Laboratório de Sonhos” conta as travessuras do menino-inventor lambariense, que tornou-se um influente político sul mineiro e conheceu a beleza e a agressividade da vida pública no Brasil. O livro conta, com sensibilidade e bom-humor, mais de 40 anos de histórias de Lambari e do Sul de Minas.
Doando, além de receber o livro você será convidado para uma edição extra do Trem Ler, dedicada a uma conversa sobre Lambari e o Sul de Minas vistos a partir de “Laboratório de Sonhos”. A data deste evento será definida em breve! Os exemplares são limitados, garanta já o seu!
Para efetivar sua doação, use a chave-pix (celular): 35998114308
Envie o comprovante para o nosso Whats: 35-99811-4308
Mais informações: lelodebrito@vagao98.org
Tem muito mais eventos e novidades em construção no Vagão 98. Siga nossas redes sociais e venha fazer parte da nossa comunidade!
Campanha de aniversário: Textos: Lelo de Brito (@lelodebrito)
Locução Andressa Mello (@andressamelloatriz)
Edição de vídeos: Dudu Biaso (@dudubiaso)
Música-tema: Maestro Cassiano Maçaneiro (@cassianoam)
Cards: Tita (sem redes sociais)

- Lelo Brito
- 21 de jul. de 2022
- 1 min de leitura

Na noite desta sexta-feira (22/7), às 19h, você é nosso convidado para assistir e debater o documentário "O veneno está na mesa", de Silvio Tendler, sobre a escalada vertiginosa da intoxicação dos nossos alimentos por agrotóxicos. A entrada é gratuita e recomendamos o uso de máscara facial. Exibição do filme e debate acontecerão no teatro do Vagão 98, na Pça. Vivaldi Leite, 98, Centro, Lambari-MG. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail lelodebrito@vagao98.org .
"O veneno está na mesa" discute como a chamada Revolução Verde, do pós-guerra (1945), acabou com a herança milenar da agricultura tradicional. Em seu lugar, surgiu e ganhou fôlego no mundo inteiro um modelo agrícola que coloca em xeque a fertilidade do solo, os mananciais de água, a biodiversidade, o ar e, por consequência, a sua saúde, da sua família e comunidade.
O problema do uso desenfreado de agrotóxicos atinge com força especial lugares como Lambari, em que os recursos naturais podem assegurar uma qualidade de vida diferenciada para a população, além de ser um atrativo turístico.
O debate será mediado pelo ativista Silvio da Bahiana, que tem promovido diversos debates sobre o tema em Lambari e região.
Vem conversar conosco sobre o que está acontecendo com a nossa comida, sobre como isso afeta nossas vidas e a das futuras gerações e, sobretudo, como ser agente de transformação do presente e do futuro.

- Lelo Brito
- 12 de jul. de 2022
- 5 min de leitura
Atualizado: 13 de jul. de 2022

O nosso Clube de Leitura Trem de Ler, neste mês de julho, está lendo “Um copo de cólera” (1978), de Raduan Nassar. Trata-se de uma das grandes novelas da literatura brasileira, escrita em saborosa prosa poética. O enredo, que conta um desentendimento virulento de um casal formado por uma mulher jovem e um homem maduro, foi vertido para o cinema em 1999, com direção de Aluízio Abranches.
O bate-papo mensal do Clube de Leitura Trem de Ler, para o qual você é nosso convidado, é mediado pelo psicanalista João Carlos Domingues Jr. e é gratuito e aberto ao público. O próximo encontro será na sexta-feira, 29 de julho, às 18h, na Livraria Estação Mercado do Livro, em Lambari-MG - Pça. Vivaldi Leite, 98, Centro.

Se você gostaria de participar online da conversa, envie e-mail para lelodebrito@gmail.com .
Raduan Nassar é um dos maiores autores em Língua Portuguesa do século 20. Vencedor do Prêmio Oceanos de 2020, publicou apenas três livros curtos, mas que se firmaram depressa entre as grandes obras da literatura do mundo lusófono. São eles as novelas Lavoura Arcaica (1975) e Um Copo de Cólera (1978) e a coletânea de contos Menina a Caminho (1993).

Fotografia: Instituto Moreira Salles
Abaixo, leia um breve artigo de Lelo de Brito, diretor do Vagão 98 e mestre em Letras, a respeito da obra em discussão em nosso Trem de Ler. Vem se divertir conosco e saborear o melhor da literatura brasileira!
UM COPO DE CÓLERA
Comentar uma frase ou um livro de Raduan Nassar, ou falar sobre toda sua literatura, é o mesmo; é estar acerca de uma escrita precisa e musical, lenta e exuberante, enxutíssima. Porém, de uma concisão nada austera, antes rica, forjada com um uso altíssimo e impecável da prosa poética. As histórias são contadas por frases rascantes, carnais e filosóficas, angustiantes e belas, ditas por personagens para quem as palavras sustentam, em equilíbrio precário, não só as ideias mas também os instintos. O efeito desse arranjo das coisas narradas para o leitor é o de nos lembrar - a nós, distraídos que somos - que a palavra e a razão servem ao bem e ao mal igualmente; são damas que se vendem, não a quem paga mais, mas a quem aposta mais alto.
“Um copo de cólera”, novela escrita em 1970 e publicada em 1978, narra a intimidade de um casal formado por uma jovem jornalista e um homem maduro, chacareiro. Logo no primeiro capítulo, "A Chegada", o estilo da narrativa e o conflito que move o enredo instalam-se. Nas palavras do chacareiro-narrador: “...e assim que entramos [...] abri as cortinas de centro e nos sentamos nas cadeiras de vime, ficando com os nossos olhos voltados para o alto do lado oposto, lá onde o sol ia se pondo, e estávamos os dois em silêncio quando ela me perguntou, ‘o que que você tem’, mas eu, muito disperso, continuei distante e quieto, o pensamento solto na vermelhidão lá do poente, e foi só mesmo pela insistência da pergunta que respondi, ‘você já jantou?’”
No trecho acima, assim como nas duas novelas de Raduan Nassar, a linguagem é escorreita e sinuosa, prescinde de pontos finais e de outros ademanes gráficos: recurso literário que aproxima o leitor da história. Desde o primeiro diálogo, o casal estabelece uma relação de disputa psicológica, que vai se tornando cada vez mais visceral, até ebulir em “Esporro”, o capítulo maior e ápice da novela. Em torno do virulento bate-boca do casal, neste capítulo a narrativa propõe, pela voz do narrador, um interessante jogo poético, através do qual se encena uma fuga psicológica; para fora da cultura e da ilustração, em busca da palavra primordial da infância.
Assim, o chacreiro-narrador pensa e diz à companheira: “...eu só sei que continuei montando meus cálculos, mas, soberano, concordo que ela ainda puxava a orelha dos meus números pelos dedos, pois, apesar de ter esgotado o prazo que eu mesmo me concedera pro bate-boca, me vi emendando às pressas - ponta com ponta - o fio cortado por ela um pouco atrás ‘disse e repito: seria preciso resgatar a minha história p’reu abrir mão dessa orfandade, sei que é impossível, mas seria esta a condição primordial; já foi o tempo em que via a convivência como viável, só exigindo deste bem comum, piedosamente, o meu quinhão, já foi o tempo em que consentia num contrato, deixando muitas coisas de fora sem ceder contudo no que me era vital, já foi o tempo em que reconhecia a existência escandalosa de imaginados valores, a coluna vertebral de toda ‘ordem’; mas não tive sequer o sopro necessário, e, negado o respiro, me foi imposto o sufoco; é esta consciência que me liberta, é ela hoje que me empurra, agora são outras as minhas preocupações, é hoje outro meu universo de problemas; num mundo estapafúrdio - definitivamente fora do foco - cedo ou tarde tudo acaba se reduzindo a um ponto de vista, e você, que vive paparicando as ciências humanas, nem suspeita que paparica uma piada: impossível ordenar o mundo dos valores, ninguém arruma a casa do capeta; me recuso pois a pensar naquilo em que não mais acredito, seja o amor, a amizade, a família, a igreja, a humanidade; me lixo com tudo isso! me apavora ainda a existência, mas não tenho medo de ficar sozinho, foi conscientemente que escolhi o exílio, me bastando hoje o cinismo dos grandes indiferentes...”
O chacareiro, ao atacar sua companheira, ampara-se no embate para perseguir as pulsões primordiais; e ela serve a este propósito com insolente disciplina. Ambos vivenciam, nessa relação turbulenta, uma intimidade arquetípica, que, por trás da cólera, encena a perseguição às pulsões humanas. Ao longo da trama, a mulher se associa e é associada o tempo inteiro à razão e ao juízo, ao pensamento e à cabeça, às ciências e às distrações; ele, por sua vez, se define pelos pés, pela relação com o chão e com a terra, com a cerca-viva, a lavoura - o cultivo - e com a busca pela palavra da infância, instintiva, saturada de significados, jamais ilustrativa. Do embate do casal, fica para o leitor a sensação de que há sempre diversos modos de dizer que são igualmente válidos, conforme os valores.
“É na fresta dos valores que o diabo deita e rola”, cunhou Raduan Nassar em seu livro mais cultuado, Lavoura Arcaica, cuja publicação, em 1975, assombrou o mundo literário lusófono, dadas a profundidade e a beleza. Depois de Um Copo de Cólera (1978), o autor só voltaria a publicar em 1993, com Menina a Caminho, que reúne contos também escritos nos idos dos anos 60, de semelhantes rigor e lirismo, viço e humanidade.
Em Raduan Nassar a palavra está embebida em babas e jorros, é epiléptica e purulenta, não pode ser espetacular e certeira, segura e inteira. A palavra diz, pois que dizer é sua sina, depois cala. Assim como o autor, que compôs seus três livros e retirou-se da sociedade para viver outra vida, como agricultor, em silêncio. Avesso a entrevistas e comentários sobre a própria obra, Raduan Nassar certa vez respondeu a um jornalista insistente com o seguinte bilhete, escrito à mão: “Cá entre nós, falando baixinho, prefiro o silêncio.”





